quinta-feira

Hi no Chikara (A força do Fogo)



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Título: Hi no Chikara (A força do Fogo)
Autor: Natasha Belus (Natasha Belus Blog)


Já era esperado a muito a chegada de uma pessoa que teria nas mãos o destino do mundo, uma arma sutil, poderosa e devastadora. Quem seria essa pessoa, tempos atrás no passado do país, surgiu alguém que profetizara essa vinda, alguns poucos conheciam os segredos. E de acordo com o que foi profetizado ela seria uma criança. Ela herdaria de uma só vez todos os poderes no seu estado mais puro. Mas não poderia controlá-los. Acabaria pondo o fim a toda coisa viva por sobre o planeta. A partir desse dia, todos as crianças herdeiras foram observadas e submetidas a treinamento árduo de controle sobre seus poderes para que não correcem o risco de se tornerem a pessoa temida. Cresceram prontas para lutar caso um dia isso acontecesse. Mas os herdeiros vivem escondidos entre pessoas comuns para garantir que tudo e todos estejam a salvo.
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Capítulo 1 - Chegou a Hora!
Já era tempo, o céu estava diferente. Estava escuro como sempre, cheio de estrelas, como sempre, misterioso e infinito, como sempre... Mas ainda assim havia alguma coisa diferente... Aquela aura ansiosa e muito estranha pairava sobre o mundo, e em um lugar dentro do que parecia o tanque cheio d’água, uma coisa crescia...

-Está perfeito!!! – murmurava a voz de mulher.

-Quase só mais um pouco... – O homem olhava ansioso para as máquinas que mediam os sinais vitais do ser que surgia.

Um bebê estava dormindo profundamente, até aquele momento, teve convulsões estava ficando pálido. Era uma menininha, delicada como uma boneca.

- O que está havendo com ela? – O homem vira mantendo a voz autoritária, fria e distante.

-Não sei deve estar reagindo mal aos medicamentos de extração de DNA. – Responde a mulher com um tecnicismo de uma máquina sem emoção.

-Leve-a para a parte da casa e cuide dela até eu terminar aqui.

A mulher sai pela porta sem nem ao menos olhar pra trás com a menina no colo, ela estava febril, mas não uma febre comum, a mulher sentiu o calor penetrar por sua pele, estava queimando. Largou o bebê o mais rápido que pode.

O homem havia terminado o que estava fazendo, conseguiu. Estável. Perfeito. Vivo. Um clone mais que perfeito da criança que lá estava. O clone do bebê apareceu no hospital onde foi identificado como a filha do casal Shimizu, que fora raptada durante uma noite de calor intenso. O casal ao ver sua “filha” a levaram pra casa, estava saudável, muito mais que antes. Pelo menos era o que pensavam. Agora era só observar ela crescer, mas pra isso o homem teria que sumir com o molde. Não tendo coragem de matar, escondeu o bebê dentro dos porões de sua casa, onde de forma fria e sádica cuidou da menina de forma distante durante anos.

Às vezes em durante o sono, ela exasperava suas emoções através de calor, mais de uma vez pôs fogo em seu recinto, fazendo com que o cientista cruel a envolvesse em um cubículo de material corta chamas. A tratando como uma coisa... Escondida. Ela não podia fazer nada além de obedecer, tinha acesso a raros livros e pelas gravuras conhecia o mundo lá fora. Era especial, o tanto não sabia. Tinha medo, queria sair, mas tinha muito, muito medo. Ela não era a única. E sua vida ia mudar, bastava esperar.

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Eram três da tarde, hora do recreio, ou melhor, intervalo (10 anos depois da noite de um incêndio terrível onde um garoto perdeu todos de sua família menos seu avô, do cientista criar seu clone, e de um garoto de 13 anos ir embora de casa para algum lugar) Um garoto de 10 anos e alguns meses andava pelo corredor, parou um instante e limpou a lente dos óculos com o lenço que carregava no bolso do seu uniforme. Colocou-os de volta no rosto e levantou a cabeça. Péssima idéia...

- Olha a peça rara ai... Como vai pequeno Shaos? – Um garoto de cabelos cor de sangue e uns três centímetros mais alto que Shaos se aproximava, lógico que com um sorriso muito falso, estava acompanhado de mais dois garotos. . – Parece que vim parar no colégio ideal...

Shaos era um menino magrelo, com olhos lilás (algo raro), cabelo preto e liso, cortado com o que parecia ser uma tijela, era muito inteligente, o primeiro da classe, só não pulou a série por causa de uma única matéria. Mudou de escola, mas pro seu azar o garoto que mais odiava também, e pra mesma que a dele, já dominando tudo como era de costume.

- O que você quer? – Ele olha e pergunta tentando fazer com que sua voz pareça firme, mas na verdade está com medo, o menino Tom, apesar do nome, não é flor que se cheire.

- Calma aí coleguinha, eu não vim pra criar confusão, só estava pensando se você não estaria disposto a fazer minas tarefas de casa. – Tom se apoiou na parede, cruzou os braços e fechou os olhos. – Sabe eu poço pagar bem, talvez o novo boneco de ação do T.T.T.A.

- Eu não to interessado. – Virou-se para seu armário

- Como você é gentil, vai fazer as minhas tarefas de casa de graça.

- Acho que você não entende, eu NÃO VOU FAZER as SUAS tarefas... – Shaos olha pro garoto e o empurra com a ponta do dedo ao dizer “suas”. O enfrentando, embora, timidamente, estava determinado a não passar mais um ano aturando aquilo.

- O que tá querendo dizer palhaço. – Ele pegou Shaos pela gravata do uniforme.

Os óculos dele caíram no chão, Shaos enxergava tudo de forma MUITO estranha quando estava sem eles, como se tudo mudasse de cor ou de textura. Tom arrastou Shaos até o pátio e os alunos criaram um grande círculo em volta deles. Uma menina achou os óculos de Shaos no chão e vendo o grupo de estudantes aglomerados foi ver o que estava acontecendo. Um outro garoto, este de 11 anos, andou em direção ao grupinho do garoto encrenqueiro e sua vítima. Cabelos castanhos claros e olhos castanhos claros quase do tom dos cabelos. Tinha a mesma altura de Tom, só que era mais magro. Não suportava ver ninguém atormentando os outros, ainda mais quando esse era aluno novo, e não conhecia as “regras” da escola.

- Que tal brigar com alguém do seu tamanho? – Os garotos olharam para ele e começaram a rir. Já os alunos em volta ficaram mudos e quietos.

- Hahahahahahah... Olha o seu tamanho, tu é baixinho igual o carinha tosco aqui, além disso, tá sozinho. – Tom para de rir e olha pros curiosos – Qual é?! Vocês tão querendo dizer que esse garoto sabe das coisas!? – Todos olharam sérios para ele com olhar temeroso, ninguém se metia com Ryuuki, o representante dos alunos do 5º ano.

- Você é que é um retardado, se ele é mais fraco que você porque você tá acompanhado de mais dois caras ein? Vai ver porque você é muito covarde pra enfrentar alguém do 5º ano sozinho... Você envergonha a nossa série.

- O que tá acontecendo aqui? – Uma menina também de 10 anos, estudante do 5º ano caminhava em direção da confusão (diferente das outras crianças que se afastavam quando perceberam o que ia acontecer) carregando o óculos de Shaos, ela era a representante do 5º ano do período vespertino, mas foi transferida pro turno matutino e destituída do posto, ainda não conhecia ninguém. Tinha cabelos Castanhos escuros e olhos cor de chocolate, comuns como o da maioria. Os cabelos iam até os ombros e a franja cortada de lado foi presa por uma presilha azul para que não caísse sobre os olhos. – Tinha que ser, será que vocês garotos não podem ser mais civilizados?

- Não se mete pirralha. – Tom foi arrogante. Ryuuki já estava irritado. E olhou pro garoto com muita raiva.

- Você é muito burro, não tem respeito... Desprezível. È estrangeiro não é? E o pior, deve ser ex estudante daquela porcaria de colégio que fica no lado oeste da cidade. Você realmente precisa aprender a tratar uma garota.

-Relaxa, eu não preciso de proteção! – Sayuri levanta e olha para Ryuuki e em seguida para Tom, balançando a cabeça negativamente reprovando a atitude.

- Tá vamos voltar ao que interessa – Tom voltou o rosto para Ryuuki. – Você devia parar de se meter onde não é chamado.

- Agora eu to irritado de verdade.

-Você não vai brigar com ele vai? – A menina olha pra Ryuuki incrédula.

-Não, é contra a conduta da escola. – Ele voltou os olhos furiosos a Tom e sussurou - Só vou dar uma liçãozinha...

Uma brisa começou a soprar e aos poucos se tornou uma ventania, uma sensação de liberdade tomava o corpo de Ryuuki, ele estava firme e olhava nos olhos do “adversário”... As folhas das árvores caiam, e três vidraças racharam. Todos sabiam que era ele que estava provocando isso, já não era segredo, ele podia controlar o vento. Tom ficou chocado com a visão do que estava acontecendo, Shaos via apenas uma onda Branca como névoa passar por entre as pessoas, estava vendo o vento, mas achou que fosse só ago referente ao seu “problema de visão”. Do auto-falante um aviso:

- Atenção todos os alunos de 1º ao 5º ano por favor se dirijam para as suas salas. Alunos de 6º ano em diante deverão ficar em salas durante o intervalo, não saiam ao pátio até a ventania cessar.

Ela cessou bem depressa e então a voz falou:

-Ok alunos, ignorem a última mensagem. Parece que o tempo está estranho hoje.

Todos os mais velhos comentavam sobre o estranho vento que começara depressa e se fora mais ainda. Ryuuki estava calmo, aparentemente, e juntamente com sua calma a ventania havia cessado, não deu muita bola ao fato.Todos estavam voltando para suas salas e Sayuri foi até Shaos:

- Aqui estão seus óculos. – Ela os estendeu.

- O menino os pôs no rosto, agradeceu com um sorriso e voltou pra sala de aula.

As aulas passaram normalmente durante o resto da manhã e ao meio dia todos foram liberados para ir pra casa. Shaos foi caminhando para o portão mas, parou quando sentiu uma mão tocar seu ombro, virou-se e deu de cara com Ryuuki.

- E ai você tá legal?

- To sim, obrigado.

- Aquele aluno novo, Tom, é um babaca, devia ser expulso da escola, só quero ver quando ele chegar na segunda fase do ensino fundamental! Você também é aluno novo não? – Ele afirmou que sim com a cabeça. Sayuri apareceu praticamente do nada atrás deles que tomaram um susto.

- De onde você saiu? – Os dois garotos disseram surpresos.

- Eu tava aqui do lado o tempo todo. – Ela retribuiu o olhar dos dois. – De qualquer forma só queria saber se você está bem Yoshida-kan – Ela olhou pra Shaos.

- Tô sim... Obrigado mais uma vez por achar os meus óculos.

- Não, não precisa agradecer, afinal servir os alunos é meu dever como ex-representante do 5º ano. – ela sorriu.

- Agora eu entendi porque você foi doida pra entrar numa briga de garotos. – Ryuuki dirigiu-lhe a palavra.

- Doida!? Você é que é o doido, afinal que negocio é esse de ventania? É... Os outros alunos me contaram. Podia ter machucado alguém. Se enxerga! – Os dois se olharam e parecia que faíscas saíram de seus olhos. – Eu com certeza sou uma representante melhor que você.

-Não mesmo! Você acha que vai tirar o meu posto de mim?

- Acho não, tenho certeza, você impõe as coisas, eu sei conversar.

- Tem gente que não sabe conversar!

- Tem razão, uns ignorantes que nem você.

- Olha aqui...- Ele já não sabia o que dizer. Ficou calado emburrado, continuava andando, com sua mochila nas costas. Sabia que estava errado mas não daria o braço a torcer.

Meio minuto de silêncio depois Shaos quebrou o gelo se apresentando e perguntando o nome dos dois que ficavam apenas trocando olhares raivosos entre si. Não sabiam mas dali pra frente a vida dos três estariam entrelaçadas para sempre. Sayuri Shimizu, Ryuuki Kojima, Shaos Yoshida... O futuro lhes reservava surpresas...
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Cápitulo 2 - explosão de chamas
As semanas foram se passando e os três passaram a sempre andar juntos. Sayuri e Ryuuki viviam se alfinetando, ela sempre criticando as atitudes dele, e ele sempre mostrando o que podia fazer de melhor que ela. Mas apesar disso alguns problemas da escola só chegavam a uma solução afinal quando eles trabalhavam juntos. Percebendo isso a diretora da escola chamou os dois em sua sala pra uma conversa:

-Podem entrar crianças. – A diretora sentou-se em sua cadeira enquanto as crianças também se acomodavam em outras duas cadeiras. – Vi o trabalho maravilhoso que vocês fizeram juntos. Eu realmente fico feliz com os alunos andando na linha sem reclamar.

-Só estou fazendo o meu trabalho – Ryuuki foi cordial, com um toque de orgulho em sua voz.

-Você quis dizer MEU trabalho – Sayuri olhou pro colega cortando o barato dele e depois dirigiu-se pra diretora. – Apesar de oficialmente não ser a representante, eu não pude evitar, fiz isso durante o semestre passado, e larguei a muito custo.

- É exatamente sobre isso que eu queria falar. Você deixou o cargo com Takahashi, e ela está fazendo um ótimo trabalho, seguindo as instruções que você deixou. Acho que seria uma boa idéia que você comandasse o 5º ano ao lado de Ryuuki, como parceiros de equipe.

-O QUÊ?! Eu vou ter que dividir o cargo com essa metida à sabe-tudo? – Ryuuki levantou-se e apoiou suas mãos na mesa da diretora. Elevando o tom de voz.

-METIDA!? METIDO é você que se acha o bã-bã-bã, só por causa de um truquezinho de mágica

– Ela levantou-se e virou de frente pro “amigo” apontando o dedo. Se endireitou, e com polidez se dirigiu a diretora. – Perdão senhora Ichihara mas, com todo respeito, eu ter que dividir o cargo... É muito inconveniente, eu sei que Ryuuki tem o seu método mas creio que o meu é melhor e ele iria... sabe, me atrapalhar.

- Eu não acredito no que eu to ouvindo! Você é realmente muito...muito... Ah quer saber eu não entendi nem o que você quis dizer, você parece um adulto falando. – Ryuuki caiu pesadamente na cadeira, desse jeito ia perder mesmo pra uma garota.

- Falei sério. Quero propor uma parceria. Acredito que você senhorita Shimizu tem muito jeito com liderança e estratégia, mas o senhor Kojima tem a preferência, ele tem o carisma dos alunos, e é ótimo em lidar com encrenqueiros. Além disso, acho que um menino e uma menina possam trabalhar melhor juntos. – Os dois se entreolharam sem acreditar e sem querer ceder. – Está decidido, assim será! Vocês serão os dois representantes do 5º ano. Ficam ótimos juntos, agora, voltem pra suas salas. Ah e não se esqueçam os preparativos para o festival do arroz vai começar hoje.

Os dois saíram da sala indignados, teriam que trabalhar juntos, o que não era costume.

-Ela só pode estar Louca! – Ryuuki disse assim que saiu.

-Foi a primeira coisa inteligente que você disse hoje. – Ela olhou pra ele sarcástica, e depois complementou – Já vou avisando que se vamos trabalhar juntos é melhor você andar na linha.

-Ande na linha você, EU conheço melhor os alunos, EU sei o que eles precisam, e VOCÊ PARE de dar ORDENS. Vai me deixar louco!

-O que?! Você realmente OUVIU o que a diretora falou? Os meus métodos são incríveis.

-Ouvi sim senhorita sabe-tudo. Você consegue mandar num turno em que nem está participando. Tadinha daquela tal de Takahiki...

-TAKAHASHI!

- Que seja! Só que pelo o que eu me lembro a diretora está louca, portanto as observações dela não tem valor.

Os dois prolongaram a discussão até a hora da saída, eles teriam que voltar para a escola a tarde para verificar o andamento dos preparativos do festival.


*****
Era agonizante. O calor... O medo... Aqueles olhos frios e cruéis, e o clarão, não podia controlar não conseguia. Ultimo olhar, um homem morto.

A janela abre num estrondo, o vento gelado entra impiedoso e cortante. Sayuri acorda assustada gritando, sua pele estava quente, suas cobertas estavam chamuscadas, sua cabeça girava, e ela demorou a perceber como estava ficando frio, o calor em volta dela criava uma camada que a protegia enquanto dormia.

- Filha, tá tudo bem? – Mai abriu a porta, e preocupada correu de encontro a janela, a fechou com um pouco de esforço, já que o vento a impedia, e sentou-se aos pés da cama da filha.

-Tá tudo bem. – Sayuri respondeu em voz baixa não convencendo a mãe. Percebendo isso ela continuou desta vez com a voz firme – Foi só o vento. Me assustou.
May viu as cobertas chamuscadas.

-O que foi isso?!- Disse com uma voz assustada e preocupada ao mesmo tempo.
Essa era uma boa pergunta, de difícil resposta.

-Mãe...eu... – sua mãe pôs as mão sob sua testa, estava quente.

-Não se preocupe, está tudo bem, você está febril só isso. – Mai falou tentando inutilmente tranquilizar a filha, ela ficou aflita ao ver os lençóis chamuscados, pegou-os e saiu, não sem antes dar novos lençóis a Sayuri que ficou parada olhando a mãe andar apressada em direção ao corredor. Havia algo errado, a mãe dela estava escondendo alguma coisa. Ela sabia o que estava acontecendo, por não contou pra filha?

Mai correu até o seu quarto e chamou seu marido, lhe contou o que viu e mostrou os lençóis.

-Não! – O senhor Shimizu não podia aceitar.

-Você sabe o isso significa.- Mai olhava nos olhos do marido.

- É muito cedo, não posso aceitar. – Ele sentou-se na poltrona que estava no canto do cômodo e pôs a cabeça por entre as mãos.

Estava claro, ela estava desenvolvendo o poder precocemente, mas não era o poder dos seus antepassados da família Shimizu, mas sim dos Watanabe, os antepassados de sua esposa, um povo que controla o fogo um grupo de herdeiros que fazia guerra.

-Ela só tem 10 anos!!! Se era pra ter poderes DEVIA ser depois dos 13!!!

-Estou assustada, tanto quanto você, até ela controlar... Ela é uma Precoce. Os Watanabe eram destrutivos desde antes, eu fui a última deles e graças a Deus eu não desenvolvi nenhuma habilidade, eu torci pra que ela se tornasse uma verdadeira Shimizu.

-Só tem uma coisa pra eu fazer. Amanhã eu vou à casa dos Kojima. Preciso ter uma conversa séria com Takeuchi-sama. Se ela é uma Precoce só ele pode me ajudar, bem agora tem mais um.

-Como assim mais um?

-Ryuuki o neto dele também é um, desenvolveu poder com 9 anos, teoricamente ele tem mais chances de ser... você sabe... do que a nossa filha. – Shiryu pegou seu casaco e foi de encontro a casa de Takeuchi Kojima, seu antigo mestre, e o único com experiência em cuidar de precoces.

*****
Após ver o homem morto no chão, levantou-se assustada. A última coisa que lembrava ter visto era os olhos cruéis daquele monstro, antes disso nada. O sol estava se pondo. Seu coração estava acelerado. Era a primeira vez que via o mundo de fora.

Um homem de vinte e sete anos, cabelos cor de ébano, olhos azuis como uma piscina, foi dar uma caminhada noturna pela sua propriedade rodeada por um bosque, estava sem sono. Havia sonhado novamente com ela, a quem ele amava e não entendia, sua decepção. Caminhava há muito tempo já estava chegando à divisa do estado quando viu um vulto por entre as árvores, e a viu. Uma menina, cabelos castanhos escuros descuidados que chegavam as suas costas, devia ter uns 10 ou 11 anos.

Ela cambaleava sobre suas pernas fracas, pés descalços, com medo, parou de repente ao ver que alguém estava passando por ali. Estava perdida, queria pedir ajuda. Mas e se todos fossem horríveis quanto aquele homem mau? O terror invadiu-lhe o peito impedido-a de ir pra onde quer que fosse. Andou o dia todo, acordou e viu o homem morto no chão, ficou em choque, não sabia o que havia acontecido, um minuto antes estava nas mãos daquele monstro, saiu aterrorizada da casa em destroços e sumiu pra dentro da densa mata que ficava ali em volta. Se perdeu. Agora estava diante do vulto de um homem que jamais vira, num lugar que só havia conhecia por gravuras, e que era assustadoramente estranho na vida real.

Adriano deu um passo à frente. A menina estava imóvel. Ele deu outro passo. A menina deu um passo temeroso para trás e caiu, sua perna direita estava sangrando horrores, havia se cortado a mais ou menos meia hora e perdera muito sangue. Estava fraca. Vendo isso Adriano disse:

-O que faz aqui? – Ele perguntou com delicadeza, e uma doçura em sua voz que fez a menina se assustar, não havia nada de familiar no modo dele falar, foi como se ele fosse de outro planeta.

Depois da estranheza que sentira ao ouvir aquela voz ela olhou pra ele, ou pra onde achava que ele estava. Respirou ofegante. Tentou se levantar, apoiou-se num tronco de árvore estava quase de pé, desmaiou. Ele ao ver que a menina ia cair correu ao seu amparo e segurou-a em seu colo. Sentiu algo quente e um pouco pegajoso empapar seu casaco, ela ainda estava sangrando. Adriano correu pra casa e entrou gritando.

-Amália! Amália venha aqui rápido. – Ele chamou sua irmã que dormia no quarto no térreo.

-O quê foi? Eu estava... – Amália entrou na sala com sono, mas arregalou os olhos no mesmo instante que viu a menina e o casaco do irmão empapados de sangue. – Ai meu Deus!

-Eu encontrei essa garota caminhando no bosque, ela pareceu assustada, tentei falar com ela mas ela desmaiou, deve ter perdido muito sangue, mal se agüentava de pé... – Ele ofegava. Esperou Amália ir e voltar do lavabo com uma toalha úmida. Ela ajudou-o a colocar a criança na cama do quarto de hóspedes com a toalha limpando e estancando o sangue.

- Vou ligar para o para o médico. – Amália foi até a sala e discou o número de emergência.

Adriano sentou-se na cadeira ao lado da cama, agora podia ver a garota direito. Uma menina delicada. Parecia mal nutrida, e estava vestindo apenas um camisetão velho. Ele ficou comovido com o estado deplorável em que a pequena criança se encontrava, lágrimas rolavam singelas de seus olhos. Ela estava febril, percebeu ao por uma das mãos sob a testa dela, pegou uma outra toalha dentro do armário e umedeceu no pequeno banheiro do quarto e delicadamente pôs-se a limpar a terra que cobria o rosto e os braços da menina.

O médico e os enfermeiros chegaram e subiram pra ver o estado da criança, parecia mesmo muito mal. Adriano e Amália contaram a ele o que tinha acontecido, enquanto ele limpava a ferida e enfaixava a perna da pequena paciente, deu recomendações aos dois irmãos, mediu a temperatura, a pressão.

-Ela vai ficar bem, perdeu bastante sangue mas em 10 ou 12 horas ela vai estar bem.

-Obrigado Doutor – Adriano apertou a mão do médico e levou-o até a porta. Amália abriu o armário pegou um cobertor e cobriu a menina adormecida. Saiu juntamente com o irmão fechou a porta e eles foram tentar dormir. Inutilmente, sentaram-se no sofá e olharam um pro outro.

- Você precisa trabalhar amanhã. – Amália olhava pra ele preocupada.

-Você tem que estar disposta, seu marido vem buscar você amanhã.- Ele acomodou-se no sofá e pôs os braços apoiados no encosto.

- Amanhã, vamos ter que procurar a família dessa menina. Ah meu Deus, eles devem estar preocupadíssimos, só de pensar que um dos meus filhos poderia passar por isso.

-É uma pena, como uma criança pode andar sozinha por ai de madrugada numa floresta?

Os dois se olharam novamente e depois miraram o fogo da lareira, Amália levantou-se e foi para o seu quarto. Adriano ficou lá mirando as chamas... E nelas viu os olhos da amada, e mais uma vez os pensamentos que motivaram sua insônia voltaram a perturbar a sua cabeça.

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Cápitulo 3 - Acordando
-Ryu-kun, o que faz aqui? – Takeuchi abriu a porta surpreso para o seu antigo aluno. – Entre por favor.

-Takeuchi-sama. Creio que estou grande demais pra você usar esse apelido. – O senhor Shimizu entra na casa da família Kojima, e senta-se nervoso no sofá. – Vim falar sobre minha filha.

-Soube que é uma excelente garota. – O senhor Kojima olhou pra porta semi aberta e por um instante pensou ter visto seu neto espionando-os. E senta-se frente a frente à Shiryu - O que tem ela?

-Agora a pouco, minha mulher... – Ele contou o que sua esposa havia lhe contado narrando detalhes, e mostrou um pedaço do tecido todo queimado nas bordas, foi o maior estrago em um dos lençóis.

-Entendo. Você acha então que sua filha é uma Herdeira. E mais que isso... Uma Precoce.

-Exato, que outra explicação há? Eu achei que o poder dos Watanabe havia desaparecido.

-A família Watanabe era tradicional demais, nunca se misturavam com outras famílias ou humanos comuns. As chances de sua filha desenvolver alguma habilidade era grande. E realmente foi isso o que aconteceu.

-Mas minha mulher...

-Sim, ela não desenvolveu – Takeuchi interrompeu Shiryu – Por alguma estranha razão Mai pode ter tido alguma anomalia em seu DNA poderoso. Mas a sua filha... Ah a sua filha... É filha de um Shimizu, com uma Watanabe, ela é a mistura de forças perfeitas, uma habilidade espantosamente destrutiva e tentadora como o fogo, com uma que é o total oposto, dá vida e é temida como a Água... Fogo e Água.

Takeuchi levantou-se e andou em círculos com a mão no queixo.

-Só falta um... – pensou em voz alta.

-Um o quê?

-Um Herdeiro Precoce. E já até desconfio quem seja.

-Peraí, quer dizer que há mais?! Eles não eram pra ser raros? – Ele levantou-se do sofá também.
-Já achamos três além do meu neto. Com sua filha temos um total de cinco. Mais um e todos serão mandado para a Concentração de Treinamento especial.

-Concentração de Treinamento Especial!!!

-É temos teoricamente seis possíveis super armas.

-E de quem você desconfia?

-O filho caçula do chefe da Concentração. Shaos Yoshida.

Ryuuki escondido em um canto, estava achando aquilo uma chatice, não sabia quem era aquele homem que conversava com seu avô, mas se interessou quando virou assunto da conversa, e um de seus melhores amigos também. Diminuiu ainda mais a freqüência de sua respiração e tratou de tentar ouvir o máximo que conseguia.

-Mas por que a Sayuri? Por que a minha pequena? – O senhor Shimizu pôs as mão sobre a cabeça e deixou-se cair no sofá novamente. Ryuuki ao ouvir o nome da amiga ficou ainda mais agitado.

-Ela é uma herdeira, e deve ser treinada, a habilidade dela é... Digamos, perigosa aqui, entre os humanos comuns. Mas por enquanto não precisa se preocupar, possivelmente, em breve, ela estará na concentração com os outros.

-E posso saber quem vai cuidar deles?

-Pessoas de confiança, acredite, foram meus alunos. E possivelmente você conhece um deles. Bem acho que está tarde é melhor você ir pra casa e eu cuidar de um pequeno curioso.

Ryuuki levantou-se de um salto do canto em que estava escondido olhou envergonhado para o Shiryu e subiu as escadas correndo. Seu avô despediu-se do antigo pupilo e foi até o quarto do neto.


-Criatura! Vem cá – O homem abriu as portas anti-chamas e chamou a menina, esta estava com 10 anos e os seus cabelos já chegavam aos joelhos. Nunca os cortara. – Rápido me siga!
Ela o seguiu olhando sempre e sempre para o chão, jamais levantava o olhar, a única vez que o fez sentiu seu coração gelar e uma onda de pânico emanou por todo seu corpo. Ela o odiava e temia, mas jamais se atreveu a rebelar-se. Apesar de tudo, estava viva até hoje por causa de sua “misericórdia”.

-Finalmente, eu já consigo não ter pena! Fiz de tudo pra poder não ter sentimentos bons, e hoje consegui. Sabe o que isso quer dizer? – Ele olhou pra menina que havia começado a tremer, e deu uma risada maliciosa. – Está na hora de você parar de me dar despesas... Vai morrer ou me dar uma compensação pelos anos em que a minha escassa piedade permitiu você viver!

Ela levantou o olhar, e a onda de pânico invadiu seu corpo novamente, e penetrou seus olhos nela como um leão faminto ao avistar a presa... Ele a levou a um quarto mais ou menos escuro e arregaçõu a manga da camisa. Agarrou um de seus braços com força e com agressividade arrancou uma das peças de roupa que ela vestia, mais precisamente uma espécie de cachecol que protegia seu pescoço. A menina inutilmente se encolheu, olhou pro lado e tentou correr, pra onde, não sabia. Ela de alguma forma sabia o que ele queria fazer...

- Ora, vejo que prefere a primeira opção. Pena, eu poderia ter poupado a sua vida. – A menina olhou pros olhos sanguinários dele e começou a ter convulsões. Ele a segurou de novo e com suas mãos começou a sugar a energia vital da garota ao mesmo tempo em que a esganava. Seus pés saíram do chão e ela ficou flutuando sem sair do lugar, sua pele começou a ficar quente, o suficiente para fazer a maçaneta da porta, que estava logo abaixo, derreter. Como se outro ser tomasse o corpo da menina ela mirou o rosto surpreso do homem, que agora observava uma demonstração de uso de energia ilimitada.

Dessa vez ela não provocava chama, seus olhos estavam vermelho sangue, ela flutuou até ele o agarrou pelo pescoço e o espremeu contra a parede. Ele não tinha forças pra livrar-se dela, estava queimando. Ela então apenas enfiou a ponta de seus dedos nas entranhas do homem e como num passe de mágica, ele era um bomba viva. Explodiu em milhões de pedaços incandescentes juntamente com todo o prédio onde estavam. A garota não sofreu um arranhão, mas de repente caiu no chão, desmaiada, no meio dos destroços. Eram apenas 1h da tarde, num lugar isolado no meio de uma floresta.

*****

Faltava uns dois dias para um grande Festival do Arroz, Sayuri era responsável por alguns preparativos da tenda ao lado do almoxarifado. Ela pendurou alguns cartazes com flores de origami coloridas, lanternas (japonesas) e outros enfeites. Ryuuki estava arrumando os preparativos da barraca de jogos junto de Shaos e outros meninos. Estavam lá desde as 2h da tarde, o sol já estava se pondo agora. Estava na hora de ir embora e todos guardavam o resto do material em suas mochilas e se preparando pra ir pra casa. Os meninos desciam atá o andar onde Sayuri estava, conversando, demorando, “ensaiando” passos de lutas que aprendiam nos vídeo-games.

Um rapaz do colegial passou correndo pelo corredor fugindo de um dos zeladores que o perseguia ao pegá-lo soltando fogos de artifício dentro da escola, o garoto jogou um dos fogos (um pequeno daqueles que a gente pode segurar) dentro de uma lixeira que explodiu fazendo seu conteúdo e os panos de duas tendas entrarem em chamas, uma delas era a tenda em que Sayuri estava. Ela se assustou com o barulho e virou-se para ver. As chamas se alastravam depressa já que praticamente tudo que tocavam era inflamável. Ela olhou para o fogo e por algum motivo não conseguiu se mover. Apesar do calor não estava suando, ela não percebeu mas sua pele estava quente como o fogo. Sabia que era perigoso, mas ela simplesmente não conseguia, não queria, e não podia se afastar das labaredas douradas, entrou em transe. Levantou o braço direito pra frente lentamente até tocar nas chamas, e por incrível que pareça não sentiu dor e não se queimou. Estava tonta, inalara muita fumaça e estava prestes a desmaiar, quando sentiu uma mão tocar seu ombro e puxá-la pra trás.

- Ai! – Ryuuki gritou e tirou as mão do ombro de sua nova parceira. – Eu quimei a minha mão?!

– Ele olhava sem acreditar.
Sayuri colocou uma das mãos sobre a boca e tossiu se livrando da fumaça, a temperatura de seu corpo caiu. Totalmente desperta do transe e finalmente se dando conta do que estava acontecendo olhou pra trás e viu os funcionários da limpeza e os professores com extintores de incêndio, retendo o fogo. Shaos ajudou-a a se levantar, Ryuuki pegou a sua mão e os três desceram para o pátio de entrada, os dois apoiando Sayuri que mal conseguia ficar em pé. A diretora da escola, cuja sala ficava no andar do incêndio, saiu e vendo o estrago, tratou logo de acalmar os alunos e chamar o engraçadinho dos fogos de artifício ter uma conversa séria em sua sala.

- Você tá bem? – Ryuuki perguntou assim que eles chegaram ao térreo e o fogo já havia sido apagado.

-Cof, Cof, Eu... Eu...., Cof, Cof – Sayuri não conseguiu responder estava tossindo e se sentia um pouco sem ar.

-Você é louca? Devia ter fugido assim que viu o fogo!

-Ei, será que dá pra você não gritar com ela agora! Ela acabou de sair dum sufoco. E além disso acho que vocês já discutiram demais pra um dia. – Shaos repreendeu Ryuuki e deu uma batidinha nas costas de Sayuri ao mesmo tempo em que a ajudava a se levantar de novo, já ela caiu no chão de novo assim que eles estavam no meio do caminho de volta pra casa.

-Eu... Não consegui...Eu só não consegui sair...-ela respondeu à Ryuuki com dificuldade a indagação que ele fez antes e depois mirou a sua mão olhando pro lugar onde deveria haver uma queimadura. Se demorou por alguns segundos.

-O que você tá procurando?

-Nada - ela voltou seu rosto para Shaos e deu um meio sorriso. – Vamos pra casa.

-É, eu acho bom. – Ryuuki já estava mal-humorado, como quase sempre, mas também estava preocupado com ela, apesar de tudo eles se tornaram amigos.

Os três saíram da escola e pela primeira vez foram pra casa em silêncio, não porque quisessem, mas porque a situação estava imposta, Sayuri andou por automatismo seu pensamento estava no acabara de acontecer. Aquilo foi muito confuso. Porque o fogo... Era tão irresistível?

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Cápitulo 4 - Nova visão do mundo (Final)
O dia amanheceu com feixe de luz vermelha no horizonte, os raios entravam calmos pelas janelas, sendo sua luz suavizada pelas cortinas de tecidos leves e perolados que pendiam do teto ao chão. Ao lado delas uma cama de mogno talhada com pequenas flores de delicadeza deslumbrante estava ocupada pela menina ainda adormecida. Ao lado da cama um quite de primeiros socorros estava em uma mesinha de cabeceira, também de mogno, com uma gaveta e um pequeno abajur caramelo. O chão de madeira polida era coberto por um tapete desenhado com formas abstratas que horas lembravam flores, hora lembravam bichos, ele ficava bem no centro do quarto, tinha cores leves, As paredes pintadas de rosa chá com uma faixa de flores amarelas e azuis davam um aspecto tranquilo ao ambiente. Havia ainda uma penteadeira na parede oposta à cama e um armário na parede do fundo, ao lado de uma porta que levava a um pequeno banheiro revestido de azulejos e pastilhas brancas com pia de pedra e uma banheira razoavelmente grande.

A menina despertou devagar ao som dos pássaros que pousavam e cantavam nos galhos do grande pé de manga que havia do lado de fora. Ela sentou-se devagar tirando as cobertas que estavam sobre ela. Sua perna latejava e doía. Ao tocar nela percebeu que esta estava enfaixada com gaze e manchada de sangue. Viu a caixinha de primeiros socorros sobre a mesinha da cabeceira e olhou ao redor. Não reconhecia o lugar em que estava, mas sentiu-se tranqüila, e achou aquilo a coisa mais maravilhosa do mundo, nunca havia sentido aquilo antes.

Levantou-se com dificuldade, estava usando o camisetão branco e encardido com o qual fugira daquele lugar horrível. Aos poucos lembrou-se do havia acontecido na noite anterior, do homem que encontrara na floresta, depois não lembrou mais nada. “Será que estou na casa dele?” pensou. Ela caminhou até a porta ao lado da penteadeira ela dava para o corredor da casa, o piso era igualmente de madeira polida e o papel de parede era branco com padrões ornamentais que lembravam algo clássico, algo que ela só conhecia nas histórias que lera em seu cativeiro. Desceu as escadas no fim do corredor e parou na sala de estar.

A sala tinha teto alto e uma enorme janela acima da porta dupla da entrada, era bem iluminada e em uma das paredes havia uma lareira, cujo carvão ainda soltava um resquício de fumaça. A frente dela havia uma mesinha de chá rodeada por duas poltronas e um sofá de três lugares com de cor azul marinho. Quadros nas paredes e retratos por sobre as estantes. Ela aproximou-se das fotos e viu em uma delas uma moça de cabelos castanhos escuros e olhos azuis piscina, junto de duas crianças e um homem. Outro retrato dessa mesma moça e de um rapaz um pouco mais novo de olhos também azuis e cabelos pretos, ele segurava um rolinho de papel e usava uma beca e um chapéu de quatro pontas no outro retrato haviam duas crianças muito parecidas com a moça e o rapaz que vira anteriormente, junto de dois adultos que pareciam ser os pais. As crianças eram sim o rapaz e moça das outras fotos, eram irmãos.

Amália, que estava na cozinha ouviu uma movimentação e se dirigiu a sala. A menina virou-se para ela e enrijeceu. Ela deu um sorriso.

-Bom dia!

A menina retribui o sorriso e gaguejando disse:

-B-bom dia – estava um pouco nervosa, pois foi pega de surpresa, mas tranqüilizou-se com a gentileza da senhora.

-Está melhor?

-O quê? – A menina ainda estava um pouco tonta.

-A sua perna.

-Ah... sim obrigada – ela respondeu um pouco sem graça.

-Você deve estar com fome... Ficou dormindo muito tempo.-Amália sorriu e logo desviou seus olhos para os pés que apareciam, da pessoa atrás do sofá. - Ah essa não, o Adriano não tem jeito.

– Amália foi até o sofá de três lugares onde seu irmão mais novo estava adormecido. Pôs uma das mãos em seu ombro e o acudiu – Adriano... Adriano, por favor, você tem que parar de dormir na sala.

A menina só percebeu que havia um homem dormindo na sala quando Amália foi até ele. Ao vê-lo reconheceu o rapaz das fotos e também o homem que a havia salvado.

-Ah... Amália...Por que ela foi embora? – Adriano sentou-se no sofá e pôs as mão sobre a cabeça. Seus pensamentos ainda estavam no sonho que acabara de ter ao virar-se para espiar a irmã viu a menina de pé no canto da sala. – Bom dia! – Ele recobrou a postura e sorriu. – Dormiu Bem? – ela simplesmente fez que sim com a cabeça e continuou encolhida, estava constrangida. – Está com fome? Minha irmã mandona não fez nada pra você comer?

-Ainda não tive tempo ela acabou de acordar, certo querida?

-Ah... É...É sim, eu acabei de acordar.

-E qual o seu nome? – Adriano levantou-se, dormiu vestido e tentou desamassar a camisa.

-Eu... Bem... – Ela não sabia o que dizer, nunca teve um Nome de verdade, era sempre chamada de COISA, ou CRIATURA, ou Bomba de Prejuízo. – Não tenho. – Disse a verdade, envergonhada.

-Você quer dizer que não se lembra? – Perguntou Amália amorosamente.

-Não. Eu não tenho... Eu vim de um lugar em que... Bem... Eu não era, comum, eu não tenho nome.

-E a sua família? – Adriano perguntou um tanto intrigado com a história do nome.

-Eu também não tenho. Quer dizer, tinha gente que cuidava de mim, na verdade... me mantinham viva, mas não CUIDAVAM de mim, não GOSTAVAM de mim. Entendem? - Com certeza não - Eu vivia num quarto com paredes de material corta chamas. Eu aprendi a falar e a ler somente... Eu... – Ela calou-se viu que os dois olhavam pra elas intrigados e boquiabertos. A menina estava um pouco chorosa.

-É difícil pra você falar sobre isso não é? – Adriano ajoelhou-se na frente da menina que agora tentava enxugar as lágrimas. Houve um minuto de silêncio, um silêncio um tanto incômodo – Mas agora não é hora pra tristeza, afinal você está aqui de pé, saudável. Não vamos te tratar mal está bem? Venha, vamos tomar café.

-É vamos – Amália sorriu e pôs as mão nos ombros da menina levando-a para a cozinha onde a mesa do café estava posta pela metade.

Ela terminou de pôr a mesa e todos se sentaram. A criança deslumbrou-se ao ver o que só conhecia por gravuras... “Incrível” pensou. Tinha um pouquinho de tudo, geléia, pão, manteiga, suco, leite, chocolate, café, biscoitos, queijo, etc. Ela comeu um pouco de tudo e gostou especialmente das torradas com geléia de amora. Ao terminar ela não agüentou, estava muito emocionada, sentia uma aura de felicidade pairar sobre aquele lugar, estava tão feliz e disse em meio a lágrimas:

-Obrigada. – Os outros dois irmãos sorriram e também se emocionaram com a garotinha. Ela virou-se pra Adriano e disse novamente – Obrigada – E complementou – Por me encontrar.

*****
Mai estava arrumando sua cama, estendia uma colcha creme com bordados finos sobre o lençol branco. A cama ficava na parede oposta a uma porta de vidro, que dava numa sacada. Vista para a rua. As paredes eram brancas e haviam dois criados mudos com abajures cujas cúpulas eram de palha trançada. Ela ouviu passos no corredor, virou-se para a porta e alguns segundos depois viu sua filha em pé ainda de pijama, que olhou um pouco sem graça para dentro.

-Bom dia mãe.

-Bom dia filha. – Mai estava com o rosto um pouco abatido, passou o resto da noite acordada após o incidente que aconteceu com Sayuri, e o lençol chamuscado.

Sayuri retomou seu caminho pelo corredor e desceu as escadas até a sala de estar, virou a direita e entrou na cozinha onde a mesa do café estava posta. A cozinha era daquelas estilo americano com bancadas, mas ainda assim havia espaço para a mesa de quatro lugares, o quarto inutilizável, uma vez que a mesa estava encostada na parede junto a janela, que tinha lindas cortinas com desenhos de frutas vermelhas. Shiryu, sentado em uma das cadeiras vestindo um robe azul marinho, olhava distraidamente o céu lá fora enquanto seus dedos brincavam com uma colherinha de café.

-Bom dia Pai. – Sayuri disse pouco tempo após adentrar a cozinha silenciosamente.

Shiryu pulou da cadeira, não havia percebido que ela tinha entrado na cozinha. Esbarrou na xícara de café com o braço direito que caiu no chão espatifando-se em mil cacos enquanto o seu conteúdo se tornava uma poça negra no azulejo claro da cozinha.

-Ah...Droga – Shiryu levantou-se de um salto e foi procurar um pano debaixo da pia – Bom dia filha. – Ele respondeu já se agachando para limpar a bagunça.

-Desculpa. Eu te assustei não é? – Sayuri olhou preocupada pra poça de café e depois pro pai.

-Não, bem... sim, é que eu estava distraído. Não vi você entrando.

-Então tá.

Ela sentou-se em uma cadeira e pegou uma torrada com geléia de amora, sua favorita. Tomou seu suco de laranja silenciosamente. Sua mãe desceu logo depois e viu o marido jogando os cacos da xícara na lixeira. Tocou o ombro da filha.

-Sayuri está na hora de você se arrumar, vai chegar atrasada na escola se continuar assim.

-Está bem, já vou indo – Ela engoliu o resto do suco de laranja e subiu para escovar os dentes e trocar de roupa.

Mai virou-se para o marido e trocou um olhar rápido.

-Eu vou conversar com ela mais tarde. – Shiryu respondeu ao olhar da esposa, enquanto recolhia a louça suja da mesa.

Sayuri terminou de se vertir e sentou-se no banquinho que ficava junto à penteadeira branca. Mai entrou no quarto dirigiu-se a filha, pegou a escova e passou nos cabelos dela carinhosamente, olhando longamente o reflexo do rosto dela no espelho, com uma expressão ansiosa em seu rosto. Ela percebeu o olhar da mãe e ficou preocupada.

-Está na hora – disse Mai.

Sayuri pegou sua mochila deu um abraço de despedida na mãe, e descendo as escadas novamente deu um tchau pro pai e saiu de casa.

O clima lá dentro estava tenso e estranho, de modo que ela sentiu um alivio depois de fechar a portinhola da frente. Caminhou poucos minutos lembrando do sonho, do que aconteceu quando acordou e do fato de não ter se queimado no dia anterior.

-Sayuri!!! Espera!!! – Shaos gritou assim que avistou a menina. Ela virou-se e viu os amigos correndo até o lugar em que estava.

Tanto Shaos quanto Ryuuki estavam um pouco ofegantes, moravam um pouco mais distante da escola. Os três então retomaram sua caminhada até escola juntos. Conversando. Chegaram em frente ao portão da escola e Shaos saiu na frente, Ryuuki aproveitou e aproximando-se de Sayuri sussurrou:

-Ultimamente tem tido sonhos estranhos? – Ryuuki perguntou à amiga.

-... – Sayuri ficou primeiramente muda. “Por qual motivo ele perguntou isso?” pensou por um tempo depois respondeu – Por que quer saber? - Ela teve sonhos estranhos.

-Bem por nada... acho melhor falar disso depois, vamos pra aula.

Os dois entraram e foram para suas respectivas carteiras. Elas eram opostas de modo que ficavam distantes um do outro, ainda bem, porque do jeito que os dois discutiam essa era a única maneira de evitar um confronto físico. Se bem, que naquele dia as coisas estavam bem tranqüilas.

As aulas passaram devagar para Ryuuki e Shaos, mal viam a hora de sair dali. Para Sayuri, no entanto, o tempo estava passando rápido demais, ela toda hora se perdia em pensamentos. Assim que ouviu o sinal do intervalo ela correu de encontro a Ryuuki.

-Eu tive sonhos estranhos. – Ela cochichou no ouvido do amigo.

Ele olhou pra ela um tanto surpreso e um tanto preocupado, a expressão que ela tinha no rosto era de desespero e ansiedade.

-Vamos falar sobre isso. – Ele respondeu encanto se dirigia para os bancos no meio do pátio da escola. – Que tipo de sonho?

-Bem...Tenho eles a algum tempo...Só que noite passada, o sonho foi mais um pesadelo e... bem... – Ela não sabia explicar, as palavras, que sempre saiam fluentes de sua boca, pareciam que estavam travadas e escondidas em algum lugar.

-Você acordou e algo estranho tinha acontecido... – parecia uma pergunta, mas era uma afirmação.

Ela deu um pulinho sentada e virou o rosto assustado para o amigo.

-Como sabe?

-Sabendo... Me diga exatamente o que aconteceu.

-Bem, eu sonhei... – Ela contou o sonho em detalhes para o amigo, incluindo as partes obscuras e o que havia acontecido até aquela manhã.

“Meu avô tem razão” Ryuuki pensou. “E Shaos só falta verificar com ele e ai...”

-Precoces... – Ryuuki soltou em voz alta.

-O que disse? – Sayuri surpreendeu o amigo que estava alheio a tudo, envolto nos próprios pensamentos.

-Ah? Quê? Nada, nada não. – Ryuuki disse. – Na verdade, preciso saber se isso está acontecendo com Shaos também.

-O que você está querendo dizer?

-Bem, se as suposições do meu avô estiverem corretas logo logo estaremos longe daqui.

Os dois trocaram olhares, ela sem entender nada, ele ficando empolgado com a idéia. Os dois olharam em volta procurando o amigo ao o localizarem nem precisaram chamar, ele já ia de encontro a eles.

-Preciso te fazer uma pergunta. – Ryuuki se levantou e encarou o Shaos. Ele fez exatamente as mesmas perguntas que tinha feito a Sayuri. Conversa vai, conversa vem...

-Bem meus sonhos são com cachoeiras. E eu acordo todo molhado.

-Não vai me dizer que você ainda faz xixi na cama? – Ryuuki perguntou.

-Não, é claro que não... É isso o estranho, eu acordo molhado literalmente. A cama os sapatos a escrivaninha, tudo... Como se durante a noite meu quarto tivesse sido inundado.

-Realmente você está fedendo a peixe – Ryuuki deu um fungada perto do amigo e depois se afastou fazendo cara de nojo.

-Muito engraçado... Eu to falando sério.

-To brincando, eu acredito. Há algum tempo atrás eu acordava como se um furacão tivesse passado no meu quarto enquanto eu estava dormindo, acordava com tudo espalhado pelo quarto, e sonhava que podia voar. – Ryuuki parou de repente sério “Meu avô tem razão, com certeza!” pensou com seus botões.

Sayuri que até aquele momento estava calada disse.

-Fogo.

-O quê? – Shaos perguntou, não ouviu direito porque a amiga sussurrou apenas.

-Fogo! Eu queimei um lençol – ela engoliu seco e continuou – foi depois de sonhar bem... com fogueiras e coisas assim e um corpo de um homem morto.

Todos ficaram em silencio durante um minuto.

-Um corpo?! Tem certeza? Eu ainda não engoli essa história. Eu e o Ryki não tivemos nenhum mistério nos sonhos.

-Eu só sonhava com chamas e geralmente acordo febril, mas noite passada...

-Então foi por isso! – Ryuuki pensou em voz alta.

-Por isso o quê? – Sayuri perguntou.

-Não sacaram? Vocês são como eu! Eu tinha apenas sensações fracas, mas na noite em que sonhei que podia voar foi quando meus poderes despertaram.

-Não é possível. Mas como?

-Mais tarde a gente fala sobre isso.

-Acho uma boa. – disse Shaos – isso é muito pra minha cabeça.

-Eh... Só uma coisa... não comentem isso com ninguém está bem? Sobre esses sonhos sobre água, fogo, eu não vou também mexer com o vento... Você sabem né?

-Não sabemos, mas tudo bem, sem comentários – Shaos disse e Sayuri concordou com a cabeça.O sinal tocou e os três voltaram pra sala de aula.

1 Comentários :3 on "Hi no Chikara (A força do Fogo)"

Stella D: disse...

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uau éeeee perfeito *0* *devora a tela*

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